“Ler é sonhar pela mão de outrem.”
[Livro do Desassossego, Fernando Pessoa.]
eu tive um sonho bom. sonhei que eu tinha ido pra Bahia.
fiquei hospedada em uma casa de pedra, grande, muito bonita, cheia de esculturas espalhadas pelos ambientes, enfeites por todas as partes, em todas as paredes. por onde eu olhava eu encontrava uma figura nova: um sapo de mentira, uma cobra de plástico, a figura de Iemanjá, um frei de madeira, amuletos, máscaras, miniaturas de navios pendurados, conchas de vários tamanhos. uma casa com burundangas. uma miscelânea de culturas.
para chegar no meu quarto eu tinha que passar por um caminho cheio de árvores, como se a natureza tivesse invadido o miolo da casa. ou era a casa quem tinha invadido a mata. por em cima dos meus passos lentos passavam salamandras ágeis. num dado momento eu precisei desviar de um pequeno sapo que me encarava sem se mexer. meu quarto está localizado no plano superior. a sacada é como uma torre de um castelo.
eu subo uma escada de madeira acompanhada pela mirada e o silêncio de uma pequena coruja, que de tão concentrada, não sei se está viva ou morta. abro a porta de madeira pintada de azul e entro no quarto. nele está você.
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